domingo, 20 de dezembro de 2015

De Berlim a Lisboa II

Bad Meinberg

longe está o tempo das epopeias
tudo se move e foge da terra
só se sente a gravidade
quando o pensamento se faz corpo
ou a lama do caminho nos incita a lentidão
essa qualidade rara do amor ordenando a casa

aqui aprendemos a passagem das horas
procurámos purgar o percorrido
persistindo a ecoar no tímpano
nestas línguas de sílex prontas a embater
e incendiar o coração na iminência
de um obstáculo até o amansar da fera

composemo-nos com o mundo
desenhámos um mapa de errância
e se neste templo os nomes se renegam
por outros juntos abrimos o horizonte
da pele à fulgurância da vida
essa epopeia escrita justo ao último suspiro

shanti shanti shanti

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