terça-feira, 12 de dezembro de 2017

a voz de longe

um fruto dificilmente
rebentará         permanece a terra
fértil e as sementes deixam-se
tocar pela secura e a podridão

tenho quanto baste mãos
pernas tronco um corpo
em vida que te abraça com os olhos
postos no leste

para aí chegar canto        busco onde pôr
a voz        faço-a habitar
a câmara escura entre a barriga e a garganta
e tocar-te aí - tão longe

täo longe onde estás - vagabundo no tempo
depois enfim dizer-te do amor
o segredo: conheço-te         depois morrer
como quem morde uma maçã         como

quem faz estalar um caminho
de chorões ao longo de falésias livrando a pele
a curtir-se de sal ou voltando um dia a casa
e embriagar-me com o rosto

enredado no teu cabelo
sentado em telhados para o lado
do castelo com a mão despedindo-se
na ondulação do teu mar


Bad Meinberg


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