sexta-feira, 30 de março de 2018

As horas para um poema - 3

3 (1:9-1:13)

nesse campo agora aberto o vazio
esvazia-se à medida do corte
das formas nas pontes verticais
unindo céu e a terra

este é um possível mundo
oferece-te a intranquila segurança
de onde tudo pode começar:

a cama uma cadeira uma mesa
uma estante com livros e roupa
uma salamandra ardendo pelo inverno fora
um caderno uma caneta
uma mesa de cabeceira e o candeeiro
fonte luminosa para que tudo entre
pelos olhos          um computador para a distracção
e parte da partilha de uma vida
aqui e ali algumas imagens com a sua magia
e quase tudo cinzelado na tua memória
onde a cada forma vista         sentida         dás
profundidade e assim cresce para lá do real
a sua falsa materialidade e rompendo pela escrita
e é agora a terceira hora e da janela vem a claridade

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